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sábado, 3 de março de 2012

O CONHECIMENTO CIENTÍFICO E O CLAMOR DA ÉTICA!

O grande filósofo grego, Aristóteles de Estagira, (384 a.C a 322 a.C), dizia à sua época que o homem, por natureza, tem uma curiosidade pelo conhecimento. Aristóteles não afirmou tal frase apenas para impressionar os seus interlocutores, mas demonstrou com profundas reflexões filosóficas a episteme do seu tempo, inclusive, na área da Biologia, onde fez várias classificações de plantas e animais. Felizmente, ainda hoje bebemos na fonte do conhecimento aristotélico nas seguintes áreas: Filosofia, Política, Lógica, Ética, Metafísica, Artes, Teoria do Conhecimento, etc. A meu ver, Aristóteles não era apenas um homem, mas uma verdadeira enciclopédia.

No tempo de Aristóteles não havia uma ênfase na pesquisa como hoje a conhecemos. Por vários motivos, entre os quais podemos destacar o modo de produção grego, baseado na escravidão, a dissociação entre o esforço intelectual, bastante valorizado, e o trabalho braçal, desprezado e considerado inferior, etc.

O modo de conhecer e produzir dos gregos são bem diferentes do que veio a ser a ciência moderna. Esta, com as primeiras reflexões de filósofos e cientistas do “quilate” de um Francis Bacon, René Descartes, Galileu Galilei, Copérnico, Isaac Newton, John Locke, David Hume, entre outros, pôde mudar completamente a forma de conhecer, produzir e transformar a natureza. O método científico foi aos poucos se aperfeiçoando e felizmente ou infelizmente, dependo do ponto de vista de cada um, o homem inventou de máquinas a vapor aos modernos computadores sem fio. O conhecimento era um fim em si mesmo, e com o advento da época Moderna, o conhecimento científico aos poucos passa a ser um meio para um fim. A ciência aplicada, ou seja, tecnológica, passa a ser o único fim...Parece-me que o homem quis ser o senhor da natureza e por ironia do destino não consegue ser o senhor nem de si mesmo!

Evidentemente, (a substituição da razão teórica grega, predominantemente metafísica, pois buscava a essência das coisas na própria realidade, e a visão teocrática da Filosofia (teologia cristã), onde o Deus cristão era o centro, daí a predominância do teocentrismo), foi deslocada para o sujeito. O homem passou a ser o “senhor” da natureza e do seu destino. Ele é o centro, daí o advento do antropocentrismo.

Esta pequena introdução histórica servirá para explicitar o nosso objetivo, ou seja, a importância da pesquisa científica, para que possamos não ser os “senhores” da natureza, porque isto pode acabar muito mal, mas para termos uma relação dialética com ela: transformá-la, adaptando-a às nossas necessidades, e sermos modificados por ela, desenvolvendo a nossa capacidade de pensar, sentir e agir, de uma forma ética e responsável. Em outras palavras, já passou da hora de termos uma relação de respeito mútuo entre todos os humanos e a natureza, pois ela não precisa de nós...Somos efêmeros neste mundo...

O conhecimento científico pode ser um mundo maravilhoso para os dispostos ou aptos a fazerem perguntas sobre as causas, as relações, os efeitos e as conseqüências dos nossos atos. O projeto humano não está pronto, porque cada ser humano é um arquiteto e um pedreiro da sua própria vida. E as ciências, nas suas diferentes esferas, podem ser as luzes ou as trevas. A primeira é consciente, ética, responsável e deseja preservar o planeta para as futuras gerações; a segunda, se preocupa apenas em destruir, em nome da riqueza, onde o infinito é o limite. Não precisa nem dizer aonde tal forma de pensar, sentir e agir nos levará, não é mesmo? Às trevas e ao desespero... A escolha é de quem? Nossa! Que uma futura oportunidade possa fazer do iniciante na pesquisa científica, um candidato a farol da humanidade, pois o mundo jamais será o mesmo após a contribuição de cada um, de forma consciente, crítica e responsável.

Quero deixar muito claro o seguinte: não qualquer contribuição, mas a que quer ver o ser humano como parte integrante da natureza. Somos os senhores? Sim, somos os senhores das trevas! Já é alguma coisa, desde que alguém acenda uma vela...

Texto: Marco Aurélio Machado.