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sábado, 14 de setembro de 2013

A MORTE DO TEMPO!

Uma reflexão sobre a morte de todos os seres vivos da natureza não é um tema muito agradável de abordar, principalmente, numa época que cultua e desfruta  objetos, que além de não terem vida, são descartáveis antes de poderem ainda ser utilizados por algum tempo.

Apesar de ser extremamente preocupante a situação supracitada, há algo pior. O homem, que já foi definido como animal racional, simbólico, econômico, político, cultural, social, histórico, entre outros conceitos;  acredita-se que ninguém tenha a última palavra sobre o assunto, pois uma definição essencial, metafísica, portanto, eterna,  pode ser até bela, mas não retrata a época que estamos "vivendo", se é que podemos dizer que tenha algum ser humano vivendo de fato. Os animais vivem,  mesmo que não tenham consciência disso, entretanto, por paradoxal que seja, se prestarmos atenção aos demais seres naturais, aprenderemos muito mais com eles do que com a maioria dos seres humanos. Talvez seja por isso que algumas artes marciais foram desenvolvidas,  por pessoas que observaram por longos anos o comportamentos dos "seres irracionais".

Diante do exposto, vou definir o homem como o prisioneiro do tempo psicológico e o assassino do tempo  cronológico, ou seja, o tempo que é marcado pelo espaço: os ponteiros dos relógios provam tal tese...Até quando haverá relógios com ponteiros? Alguém sabe? Eu, como sempre, não sei...Já não basta ao homem ser o assassino de todas as demais espécies da natureza ( pode-se perdoar o filósofo francês, René Descartes? Afinal, por acaso, não foi o dito cujo quem disse que os animais não têm alma?) O interessante,  é que segundo ele,  o homem tem alma...e desde quando o homem deixou de assassinar o seu semelhante, inclusive, em nome de um suposto amor divino?

O homem é, então, o prisioneiro do tempo psicológico e o assassino do tempo cronológico. Prisioneiro, porque "tempo é dinheiro"; porque é "necessário" ter fluência em algumas línguas estrangeiras; porque é "essencial" ter músculos e um corpo padronizado pela ditadura da beleza; porque a felicidade humana é mensurada pela quantidade de bens materiais que se adquire; porque é preciso ter um tempinho para realizar múltiplas experiências sexuais, mesmo que sejam com vários parceiros e durem apenas quinze minutos; porque é fundamental ter um tempo para frequentar as igrejas,  para Deus abençoar às pessoas com bens materiais e perdoar os pecados pelo desejo de ter desejos estimulados pelo capitalismo; porque é preciso ter alguns minutinhos para tentar garantir uma vaga no paraíso...Mas não é só isso, mas isto: para quem não é espiritualista, há os novos templos e palcos. Shoppings, arenas, onde se jogam futebol, shows de artistas medíocres, mas que são transformados em deuses humanos, enfim, jogos e mais diversões para "matar" o tempo!!!

Infelizmente, ainda temos que nos referir ao tempo cronológico, que está intimamente relacionado ao tempo psicológico. Para começar,  não vai demorar e o atual modo de produção capitalista vai inventar um dia de 48 horas, porque só 24 horas está ficando impraticável!! O sistema precisa produzir num ritmo cada vez mais rápido, pois objetos descartáveis "têm vida útil escassa". "Vivemos" numa época em que a memória está sendo transferida para as máquinas, logo, matamos o passado, as lembranças, as memórias. Pior: como não temos paciência, não toleramos frustrações, porque o importante é não esperar e viver para o futuro em pleno período presente. Somos os assassinos do passado e do presente, mas queremos ressuscitar o que nunca morreu, ou seja, o futuro! Desejamos viver no futuro, justamente o tempo que não existe e nunca existirá, a não ser pela imaginação. Eis o homem!! O assassino do tempo que existiu e que existe agora e o inventor do futuro!! O inventor do "objeto inexistente...


TEXTO:  Marco Aurélio Machado