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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Filosofia - O Ceticismo

Muitos céticos nos deixariam em grandes dificuldades para provar a morte biológica. Por exemplo. O solipsismo cartesiano. Ou o argumento dos sonhos, o argumento da loucura, entre outros. Como ter certeza de que tudo o que existe não é uma projeção de um ser superior? Não necessariamente, Deus? Como ter certeza que a única mente que existe não seja a sua?

Apesar de gostar do ceticismo, não sou especialista. Não digo que não existe. Mas, um cético poderia argumentar assim: quando você está dormindo e sonha, tem certeza absoluta de que o sonho é real, não é mesmo? Você pode sonhar que está beijando uma linda mulher e acordar babando no travesseiro...O sonho era tão real...contudo você foi despertado com o "grito de um espírito de porco". Se a mente pode se iludir, quem lhe garante que este mundo não é um sonho de um SER SUPERIOR, um ET, por exemplo, e que o que você acha que é real neste mundo, não passa de um sonho desse ser superior? Logo, a morte ou qualquer outro fenômeno seria uma ilusão mental. Se a mente é capaz de inventar no sonho, quem lhe garante que ela não inventou tudo?

Tudo seria uma ilusão, inclusive, a morte biológica. Se a mente é capaz de inventar tudo, como acreditar no corpo físico, na natureza, e nos supostos objetos? O esquizofrênico não sabe o que é a realidade e a diferença entre ela e o seu estado ilusório. Onde acontece a ilusão do esquizofrênico? Dentro da sua consciência ou fora? Ele vê coisas que não existem, ouve vozes e outros fenômenos externamente. Mas se o que vê é real, por que só ele vê? Por outro lado, se está em sua mente apenas, por que ele faz essa projeção para fora? O mundo, em tese, não estaria todo dentro da nossa mente? E tudo o que vemos não passar de uma projeção da nossa mente esquizofrênica, porém, num grau menos acentuado?

Suponha a seguinte situação imaginária. Todos os seres humanos perderam a capacidade de perceber os dados sensoriais, sendo ou não ilusão. Ou seja, perdemos os nossos sentidos. Cadê o mundo? Cadê a morte? Cadê a ilusão? Você saberia o que seriam os seus pensamentos? E se eles fossem deletados também? E, então?

Foi justamente por buscar a verdade e observar as várias contradições dos sistemas filosóficos em todos os tempos, que o cético chegou a essa conclusão. Se as conclusões filosóficas têm o mesmo peso, logo, não preciso mais buscar. Para buscar eu precisaria saber o que é o que busco. Como cada corrente filosófica parte de premissas diferentes, logo, o cético suspende o juízo e chega a paz que a susposta certeza filosófica daria. A suspensão do juízo é a tal de EPOCHÉ. A tranqüilidade estaria em não mais buscar. EM GREGO, ATARAXIA.

Conclusão: só um pequeno esclarecimento. Existem várias formas de CETICISMO. A linha cética que mais gosto é o PIRRONISMO. Criado por Pirro de Élis e que chegou até nós através do médico e cético Sexto Empírico. Não vou entrar em detalhes. Mesmo porque daria para escrever um livro e não sei se tenho essa competência.

Na linha cética pirrônica, não sei, por exemplo, qual é a essência da realidade. Conheço os fenômenos. Não sei se o mel é doce por natureza, mas que me parece doce, parece. Conhecemos aquilo que aparece para cada um de nós, mas não se sabe qual é a essência da realidade, porque por estarmos envolvidos no problema, não seríamos árbitros imparciais. Quem percebe a realidade em si mesma? Não sei.

O cético pirrônico para viver neste mundo segue as leis da natureza, os instintos, as leis e os costumes criados pelos homens e as artes e as ciências. Vive como o homem comum. Simples assim!!

Texto: Marco Aurélio Machado