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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

QUAIS SÃO OS MITOS CONTEMPORÂNEOS?

Quando se fala em mitologia e mito, principalmente, os antigos, as pessoas acham graça e riem da "ingenuidade" dos mesmos. Não percebem que os mitos são representações simbólicas importantíssimas, diante de um mundo desconhecido e que, necessita, portanto, ser explicado e estruturado para dar sentido e significado à vida das pessoas. A função do mito é a de inventar um mundo imaginário, simbólico e mágico cuja finalidade é contribuir para o equilíbrio psicológico e emocional do homem diante de uma natureza desconhecida, misteriosa e hostil. No mito não se questiona nada, e quem ousasse, seria considerado louco e a pessoa poderia ser punida com a própria morte. O mito, neste sentido, é uma "verdade" absoluta. No mito tudo é considerado sobrenatural e sagrado. E hoje em dia? Quais são os mitos da nossa sociedade contemporânea, que dão sentido e significado à vida das pessoas? São muitos. A diferença é que os mitos antigos davam um sentido existencial à vida das pessoas; os da nossa época, esvaziam o sentido, num beco sem saída. No primeiro, temos o preenchimento existencial essencial à vida dos primitivos, no segundo, temos um abismo profundo e infinito, pois os "deuses" morrem da noite para o dia. A mídia fabrica e descarta. O que importa é ter, mesmo que a posse seja despossuída no dia seguinte! Pois é...

Há alguns significados para a palavra mito. Um deles é o que está relacionado ao primeiro contato que o ser humano tem com o mundo. É a cosmogonia; os relatos míticos sobre a criação do mundo e de tudo o que há nele. Um outro sentido, é a admiração, o encanto, a idolatria que fazem de seres humanos, deuses. Por exemplo: The Beatles é a maior banda de rock de todos os tempos. Michael Jackson é o rei da música pop. Elvis Presley é o rei do rock. Pelé é o rei do futebol. E como esquecer as "celebridades" fabricadas pela mídia? Um terceiro significado é o mito como explicação do senso comum, portanto, popular. Ex: não se pode chupar manga e tomar leite. Não se deve alimentar e tomar banho, pois PODE-SE MORRER, a crença que os astros determinam o nosso caráter e destino, entre outras crendices populares. Mas os mitos são muito mais ricos...

Além dos mitos citados, temos: o celular, o computador, o carro, o sonho de ser famoso, a ilusão de felicidade eterna no casamento, o reconhecimento profissional, a vontade de ter muito dinheiro, o desejo de ser imortal e especial aos "olhos" de (Deus)ses. Esses são os pequenos DEUSES do nosso mundo. Quantos de nós vivemos sem o celular e o computador? Mas o pior de todos os deuses: o ideal de beleza e juventude da nossa sociedade narcisista, e que faz tudo se tornar obsoleto da noite para o dia. Até mesmo em relação aos seres humanos. Tudo o que não é novo, é descartável. É por isso que o encontro autêntico, verdadeiro, está cada vez mais difícil. Afora, as paixões nos esportes: transformamos seres humanos de carne e osso em DEUSES( ÍDOLOS). Dá-se facadas, pauladas e tiros por causa de uma paixão esportiva. Mormente, o futebol. E há pessoas que riem dos mitos antigos. O pensamento mágico está muito presente em nossas vidas. Outro dia estava vendo um idiota, ex-integrante do(BIG BROTHER - a mediocridade coletiva), num shopping, e uma multidão querendo tocá-lo e tirando fotos. E isso num centro de classe média-alta, hein!! Isso só confirma que a massa letrada também é alienada e precisa produzir os seus DEUSES humanos, idiotas e medíocres. Evidentemente, que este será mais um "deus" que morrerá ainda em vida. Será uma espécie de zumbi à procura de algum reconhecimento na rua...Mais um candidato à depressão. Que dureza, hein?! OBS: Vi o tal sujeito no JORNAL HOJE, DA REDE GLOBO.

O vazio mental e existencial é preenchido com o consumo artificial, desnecessário, porque fazemos dos próprios objetos, deuses. O consumo passa a ser desnecessário e, portanto, alienado. O cartão de crédito ( que na verdade é de débito, pois crédito é o quem entra no "bolso" e não o que sai) gera uma ilusão de que não se está comprando de fato, porque o dinheiro é de plástico. Todavia, tal "realidade" é logo desmentida pela fatura que chega ao final do mês. Esse tipo de consumo é terrível, porque a pessoa costuma se arrepender ao sair da loja. Mas a sensação de preenchimento existencial é logo superada por um abismo mais profundo e que será preenchido com novas compras. Vira um círculo vicioso. Compramos livros, DVDs, roupas, bebidas, que quase sempre serão esquecidos numa prateleira. Ou seja, não serão "consumidos", pois a maioria já não está na "moda". Enfim, é a alienação total!!


Talvez seja por isso que os alienados costumam dizer que a Filosofia não serve para nada! Tal afirmação não seria, por acaso, mais um mito fabricado pelos "deuses de araque" do nosso mundo vazio de sentido? Quem sabe a "deusa" RAZÃO não é o que falta na vida de todos nós? Pois é...



Texto: Marco Aurélio Machado