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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Filosofia - O cético, a política e a ética

Eu sou um cético. Disso ninguém que convive comigo tem dúvida. Paradoxal? Para eu voltar a participar de qualquer coisa novamente( mais da metade da minha vida eu participei), preciso ser convencido com argumentos plausíveis e ações coerentes por parte de quem preconiza as mudanças. Por quê? Porque tenho maturidade intelectual para não me deixar guiar por diletantismo, voluntarismo ingênuo e enfrentar o inimigo quando ele está mais forte. Não se enfrenta bombas atômicas com estilingues, cuja munição é "bolinha de gude".

Estou dentro de uma sala de aula tentando desalienar as pessoas, mas, mesmo que me esforce para fazer isso, eu também sofro esse processo de alienação e tenho que fazer da reflexão racional e lógica um exercício diário. Como se diz: "MATAR UM LEÃO POR DIA". Como posso competir com a televisão, o rádio, os jornais, as revistas de fofocas, a internet, a religião ( onde padres e pastores reproduzem a vontade de Deus), as propagandas em massa, entre outras coisas?

A coisa está tão brava, que o sistema estimula o desejo, mas não possibilita que a maioria tenha acesso aos bens de consumo. Por outro lado, o desejo continua, entretanto, a capacidade de realizá-lo é insignificante. Daí as crianças, os adolescentes e os adultos estarem completamente perdidos neste mundo cão. Tolerar frustrações hoje é muito difícil. O que faz uma pessoa ser considerada madura? A capacidade de separar o desejo e a sua possível realização. Infelizmente, a maioria age como as crianças. Confundem o desejo com a própria realização. E tome birra: agora, não só das crianças, mas das pessoas de uma maneira geral.

A situação é tão perversa que não conseguimos nem ao menos cristalizar um caráter, uma identidade, porque tudo se torna obsoleto da noite para o dia. Tudo vira mercadoria. Logo, as relações sociais não poderiam ser diferentes. Troca-se de namorado, marido e esposa como se trocássemos de roupas. É a eterna procura da felicidade num sistema onde realiza-se o desejo e vem outro e assim num processo ad infinitum!

Já não há sujeitos. Só as mercadorias humanas.

O que fazer? Não tenho respostas prontas e acabadas. A educação, como muitos sempre apontam como a solução, reproduz o sistema. Vejo colegas de profissão que estão mergulhados até o último fio de cabelo na ideologia e na alienação. Quase todas as pessoas que conheço preconizam a mudança, desde que a dita cuja não interfira nos seus interesses particulares e egoístas.

Os nossos representantes são o retrato do povo. O povo é o retrato das condições do modo de produção capitalista. Como defender a solidariedade, a fraternidade e uma ética coletiva, num sistema que preconiza a disputa, a concorrência e o individualismo exacerbado?

O atual sistema levou séculos e mais séculos para ser implantado. E a mudança dele levará mais algumas centenas de anos. Não há mágica. Conscientizar as massas, sendo que aquele que supostamente conscientiza, também sofre o processo de alienação, não é fácil, pois eu terei um discurso maravilhoso sobre o que o outro deve fazer, mas eu mesmo não farei. Não haverá correspondência entre o meu discurso e a minha prática.
!
Muitas pessoas me questionam sobre o porquê não participo mais das greves e de outros movimentos sociais e políticos. Eu participo, ora. Participo com as minhas críticas e sugestões nas escolas e nas conversas com outras pessoas. Entretanto, não posso participar de algo que não acredito. O primeiro compromisso que uma pessoa deve ter é com a sua consciência. Portanto, eu não posso violentar a minha consciência para satisfazer desejos equivocados que provaram não ser a solução. Eu não preciso bater a cabeça na parede dez, 20 vezes, para descobrir que ela é dura. Não faço parte de ideias, conceitos e práticas de quem percebe as coisas pelo instinto, logo, sem reflexão. Não é o fato de uma maioria levantar a mão e não saber o porquê a levanta, que farei o mesmo. Não sou guiado por decisões de massas que acham feio tudo o que não é igual.

Para terminar: não é fácil me convencer de coisa alguma. E eu não serei massa de manobra.

O que eu posso fazer? Muito pouco. Contribuo com algumas ideias, mas não tenho esperança que elas terão algum eco. Daí o meu pragmatismo de esquerda. Fazer o que for possível para amenizar o sofrimento do povo, mas o povo precisa acordar. Contudo, eu não posso colocar uma arma na cabeça da pessoa para que ela faça isso.

Penso que a Humanidade ainda vai comer o pão que o "diabo amassou com o rabo" para mudar as coisas. Talvez, esta situação seja irreversível, e não será o Marco Aurélio, aqui, que vai querer ser o herói. Não tenho a intenção de guiar e nem de ser guiado. Faço o que posso sem muita esperança! Simples assim!!!

Texto: Marco Aurélio Machado