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MAPA DOS VISITANTES DESDE O DIA 29/11/2009

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

REFLEXÃO SOBRE O EGO!!

Em breve, daqui a algumas horas, este lado do planeta comemorará mais um "Ano Novo"!! Fogos de artifícios, pessoas vestidas de branco, oferendas para Iemanjá, shows de "músicos" em diversos lugares, promessas de mudanças comportamentais, renovação da esperança, abandonos de vícios e apostas na busca de virtudes...Evidentemente, há muitos outros desejos em cada ser humano e a "eterna" luta maniqueísta entre o bem e o mal: queremos nos identificar com o bem e nos afastarmos do mal, como se não fôssemos os dois ao mesmo tempo...

Perceber o Ego em movimento é extremamente difícil. Encará-lo frente a frente, não quando se olha  no espelho, mas por meio dos pensamentos, que dão a impressão de que somos muitos, quando, na verdade, há uma integração. O problema é "saber" disso sem o uso de pensamentos e de palavras; até parece algo místico...

O Ego humano nos prepara muitas armadilhas; talvez esta época do ano, quando, amanhã, estaremos em 2016, seja o momento mais propício para encarar o "monstro de mil faces": o Ego. Sim, porque somos uma legião de Egos, ou seja, para resumir,  há dentro de cada ser humano lembranças e memórias da nossa vida, da história pessoal que todos nós construímos e que também foram "edificadas" pela sociedade e a cultura em que nascemos. Isto para quem não crê na reencarnação, pois para quem vive como se existissem outras oportunidades de reviver num outro corpo e continuar evoluindo, tais lembranças e memórias também constituem o Ego de outras vidas passadas. Eu, particularmente, creio que só existe uma vida: esta que estou "vivendo". E depois de muito refletir sobre o assunto, tenho me questionado se vale a pena preocupar-me com os meus muitos disfarces, o outro nome do Ego!! 

Penso que a humanidade sofreu, sofre e sofrerá muito ainda por causa dos movimentos dessas sombras que obscurecem a inteligência e a lucidez das pessoas. Alguns exemplos, podem nos ajudar a explicitar o tema. Quantos indivíduos consultam tarôs, mandalas, búzios, mapas astrais, horóscopos, bolas de cristal, baralhos, fazem oferendas, rezam e oram pedindo a Deus que o Ano Novo seja abençoado e que a "roda da fortuna", o destino lhes tragam "coisas boas", principalmente, bens materiais? Além disso, querem saúde, paz, felicidade, entre outros pedidos...Todavia, são poucos os que têm noção do movimento sutil do Ego, o ilusionista das mais variadas máscaras...

O mundo só mudará quando cada um mudar. Entretanto, todas as vezes que uma pessoa se achar especial perante deuses, destinos, reencarnações de "espíritos evoluídos", almas de reis e rainhas do passado, "mestres espirituais" que vieram neste mundo para ajudarem pessoas atrasadas, não perceberemos o Ego que nos escraviza!! 

Estou muito longe de percebê-lo plenamente, contudo, procuro observá-lo, o que para tantas pessoas é pura arrogância. Qual é a melhor forma de observar os movimentos do Ego e livrar-se deles? Encarando-os. Porém, isso dói, dói muito, mas não é fugindo que se escapa, pelo contrário, é "abraçando" todas as suas lembranças e memórias e não se identificar com nenhuma. No entanto, este parto deve ser de cada ser humano. Pior: não há anestesia para ele...

TEXTO: Marco Aurélio Machado

P.S.: Este é o último texto mensal que estou escrevendo no blog neste ano. A partir de janeiro de 2016, só vou escrever quando puder, estiver inspirado e se aparecer um tema interessante.






quinta-feira, 26 de novembro de 2015

AS MÁSCARAS DOS HUMANOS E O MITO DOS SUPER-HERÓIS NA CONTEMPORANEIDADE!

Quando era criança gostava muito do Fantasma, também denominado " o espírito que anda". A lenda do Fantasma espalhava-se pela floresta de Bengala pelos nativos. Estes diziam que ele tinha 400 anos e que ele não morria,  mas os nativos,  que fizeram de tal lenda uma tradição, nunca se perguntavam sobre o motivo de alguém ter uma idade tão avançada e não morrer. Na verdade, os "Fantasmas morriam", contudo, eram substituídos pelos filhos. E estes continuavam a tradição. (Não vou me alongar, porque não faço consultas ao escrever; se alguém se interessar,  poderá fazer uma pesquisa mais profunda.)
 
Temos muitos super-heróis criados pela imaginação de pessoas capazes de despertar em nós, simples humanos, o desejo da imortalidade, da força, da coragem, da justiça, da ética, da luta maniqueísta entre o bem e o mal (este sempre perde), na vida real, geralmente, acontece o contrário.  Há   algo em comum entre todos: a luta sem trégua para salvar a humanidade!! E quantos de nós até hoje lemos revistinhas em quadrinho e assistimos aos filmes dos nossos super-heróis prediletos,  não é mesmo?
 
Uma outra questão interessante é que os justiceiros supracitados quase sempre usam máscaras e na vida real são considerados educados, refinados, "frágeis", e incapazes de salvarem o mundo dos malvados cujo objetivo é usar os seus poderes para dominarem o pobre planeta e a  humanidade, que no mundo do faz de conta, só faz o "bem"...Saliento, ainda, que os super-heróis jamais revelam os seus segredos, mesmo que sejam ridicularizados pela sociedade. As máscaras "ajudam" a manter as suas verdadeiras identidades,  veladas, ocultas, escondidas...
 
Tais seres "mitológicos" representam o desejo da humanidade de ser como eles, todavia, somos o oposto. As máscaras humanas são a plástica, e todos os produtos de beleza capazes de fazer uma pessoa considerada fora dos padrões estéticos, como se fosse alguém,  se não linda,  ao menos "razoável". Isto se tivermos contato pessoal com ela, se não for o caso, há mil recursos para transformar um "zumbi "num Brad Pitt... As redes sociais que o digam!!!
 
Todavia, a reflexão até agora está no plano físico. As verdadeiras máscaras estão no nível psicológico. E, neste plano,  a situação é deprimente. Por mais que tentemos disfarçar, as máscaras caem, mesmo que não estejamos num baile à fantasia. Elas estão na "alma", "no espírito",  no ego...
 
Não há um ser humano capaz de escapar: uns mais, outros menos, mas todos somos as máscaras. Não temos máscaras, somos as próprias máscaras. E quem é a referência para nos dizer que os outros "se acham"? Que deveriam ser mais humildes? Talvez, só um Deus!! Se tivéssemos acesso aos pensamentos e sentimentos dos que se autodenominam humildes e sinceros, provavelmente, teríamos a maior decepção do mundo!! A arrogância dessas pessoas está na alma. Se por um azar do destino os pensamentos e sentimentos delas viessem à tona sem "querer"... Nossa!!!
 
Somos anti-heróis por natureza. Daí o gosto pelo mito. O mito é fantasia, imaginação, e neles podemos desejar e ser o que quisermos. Na vida real, cotidiana,  não passamos de mascarados que se julgam no direito de criticarem as máscaras alheias. Prefiro o arrogante tagarela, apesar de ter (ser) a minha coleção de máscaras também...Adoro ser chamado de arrogante, pois descubro muito mais da pessoa do que ela imagina...
 
 
Texto: Marco Aurélio Machado
 






P.S.: Este é o penúltimo texto que estou escrevendo. A partir de janeiro não quero ter compromisso de colocar um texto por mês neste espaço, mas só quando tiver vontade, inspirado e se aparecer um tema interessante.
 
 
 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

PROFESSOR DE FILOSOFIA!!


Ser professor de qualquer disciplina não é tarefa fácil, contudo, lecionar Filosofia é andar no fio da navalha; é provocar os estudantes, não para brigar fisicamente, porém, "desestruturar" emocionalmente, psicologicamente, e concomitantemente sofrer mais do que eles, afinal, lidar com jovens é ter consciência de que eles estão no meio de uma "ponte de madeira" sobre um rio perigoso...Eles não são crianças nem adultos, porém, adquiriram uma educação familiar com valores, princípios, normas e regras, alheias, quase sempre, à Filosofia. Esta convive com a dúvida, o ponto de interrogação, exclamação e as reticências, ou seja, nada está pronto, nada está acabado; nada está construído....Aquela (educação familiar) é composta de pontos finais e os dois pontos. A obediência e a autoridade são valorizadas, mesmo que não sejam "explicadas". A Filosofia, pelo contrário, é a busca "amorosa" pelo conhecimento. Um "amor", que antes, por parte de grande parte dos neófitos (iniciantes), é raiva, rancor e ódio!!

O professor de Filosofia, antes de ser amado, é "odiado". Ele mesmo, às vezes, se odeia, como muitas vezes já aconteceu comigo ao ir para casa depois de mais um dia de trabalho. Uma angústia profunda toma o seu ser, justamente, porque é tal sentimento que ele gera nos seus discentes. O parto de novas ideias é doloroso; é o infarto, não do coração, mas da alma (intelecto). Uma dor quase que insuportável...
Um professor de Filosofia que nunca sentiu um vazio existencial terrível, nunca poderá dizer que esteve numa sala de aula, pois lecionar tal disciplina é querer que a dor do "aluno" passe para ele, assim como os pais gostariam que as dores físicas e espirituais (sentimentais) dos filhos fossem suas (deles).

Um professor de Filosofia, de fato, não sabe o que é um parto sem anestesia, embora, por intuição, "sabe" que deve ser a dor física mais pavorosa que as mulheres sentem. Mas ele sabe o que é a dor da alma provocadas pelas perguntas e questionamentos; compreende como as primeiras aulas incomodam e "martelam" dia e noite o "espírito" dos jovens.

O professor de Filosofia sabe pouco sobre todas as coisas, mas sabe, como poucos, a dor de um jovem que lida com as incertezas e dúvidas que tal disciplina provoca. Sabe, porque não está imune às questões colocadas, e que causam abalos nos alicerces mais firmes.

Quem já fez uma reflexão filosófica tem a "certeza" ( o que é "certeza" mesmo?) que quebrou o espelho que durante muito tempo foi guardado com carinho. Pode-se colar o espelho, mas ele jamais será o mesmo!! Talvez, mesmo quebrado, ele representará uma alma (intelecto) que sofreu uma fratura profunda, fratura esta que pode ser comparada à loucura...

Mas eis que, de repente, vem a paz,  e as superstições, que eram monstros cruéis, tornam-se simples sombras. Continuaremos ignorantes sobre quase tudo, todavia, paradoxalmente, seremos "ignorantes" sábios!! E os jovens, com a passar do tempo, podem até continuar não gostando de Filosofia, mas agora já não importa: ela já terá inoculado neles a semente da sabedoria. E esse processo é infinito, ao menos enquanto esta vida durar!!

O professor de Filosofia, então, odiado, pode, desta feita, ser "amado"!!


Texto: Marco Aurélio Machado


P.S.: ESTE texto foi colocado no meu blog para o mês de outubro. Devo escrever apenas mais uns três ou quatro no blog. Depois, só escreverei sem compromisso e quando tiver inspirado.



quarta-feira, 30 de setembro de 2015

SOMOS TODOS SOFISTAS?

Desde a aurora da Filosofia, cujo nascimento convencionou-se,  entre a maioria dos historiadores e estudiosos,  considerar o século VI a.C, e que a tradição histórica considerou como pai, o filósofo grego, Tales de Mileto; aquele pré-socrático, que disse pela primeira vez, que a água era a arché de todas as coisas: era o advento da Filosofia. A razão é a filha nobre que "separa" a explicação cosmogônica da cosmologia. A primeira tinha que ver com os mitos, com os deuses, numa palavra, com o sobrenatural. A segunda, recorria apenas ao Lógos, à razão, ao homem, e a explicação agora concentrava-se na capacidade humana de explicar os fenômenos da natureza sem recorrer ao sagrado. O homem estava começando a engatinhar na autonomia e na liberdade...

Evidentemente, que no decorrer do tempo apareceram outros filósofos e o elemento divino sempre esteve presente,  de uma ou outra forma. Talvez, não seja por acaso, que o filósofo francês e ateu militante, Michel Onfray, esteja escrevendo uma Contra-História da Filosofia, ou seja, ele está tentando resgatar os filósofos materialistas e hedonistas que, segundo ele, foram vencidos pela longa História da Filosofia, cuja matriz é, em última análise, platônica. Ele até cita outros, mas Platão é o alvo principal do idealismo e da inversão do mundo. 

Tivemos, depois da preocupação filosófica com o elemento primordial, material, de todas as coisas, ou seja, a cosmologia, a physis, um deslocamento para a antropologia, a vida social, política e ética na pólis - cidades-Estado grega. É em tal contexto que temos a consolidação da democracia e o aparecimento dos sofistas e de Sócrates. Aqueles, segundo as más línguas, queriam vencer o debate, a discussão nas ágoras (praças públicas) a qualquer custo. Os principais nomes, destes verdadeiros mestres do discurso, da oratória e da retórica, são Protágoras de Abdera e Górgias de Leontini.   Eram eloquentes e capazes de opor argumentos e persuadir as pessoas com certa facilidade, além de cobrarem caro por ensinar tal arte nas diversas cidades que perambulavam. A verdade, para eles, era relativa e circunstancial. Em outras palavras, a verdade se confundia com a capacidade de persuasão. O importante era vencer o debate. Eram professores dessa arte e,  numa democracia direta, mais uma vez,  quem podia pagar,  aprendia as técnicas e influenciava as decisões nos debates. 

Sócrates, pelo contrário, criticava as cobranças dos sofistas e pensava que o saber não se vende. (Talvez seja por isso que os professores ganham tão mal...) O filósofo, Sócrates, vivia fazendo perguntas a todos, e argumentava que perguntava porque não sabia. Utilizava o método da Ironia e da Maiêutica. A primeira, tinha como fim a desconstrução das meras opiniões que os atenienses pensavam que sabiam. A segunda, Maiêutica,  etimologicamente, é a arte de trazer à luz, partejar. Só que no caso de Sócrates, trazer à luz novas ideias. Enfim, desconstruir e reconstruir novas ideias. A mãe de Sócrates,  Fenareta,  era parteira.  Não é difícil deduzir o que Sócrates fizera, não é mesmo? 

Sócrates buscava,  não a relatividade dos sofistas, mas o conceito, o universal e necessário. Ele queria a essência, ou seja, o que subjaz a aparência. Esta muda, aquela permanece. Não foi à toa que Platão, discípulo de Sócrates, inventou um outro mundo e aprofundou a metafísica de Parmênides,  e foi além da metafísica embrionária socrática...

Poderia citar um pouco mais de Platão e do seu principal discípulo, Aristóteles, um dos maiores filosófos e metafísicos de todos os tempos, mas o meu interesse é voltar ao tema da pergunta: "Somos todos sofistas"?

Quem dera se tivéssemos a competência para chegar ao menos perto dos grandes sofistas da Grécia antiga, todavia, vivemos numa época de riqueza da linguagem por algumas elites e de uma pobreza absoluta da linguagem pelas massas do mundo inteiro. E o que é pior: muitos linguístas, com o pretexto de "respeitar" as diferenças e a multiplicidade dos "cidadãos", a diversidade das culturas, preconizam e até estimulam uma linguagem paupérrima de significados. Esta, sem dúvida, torna a concepção de mundo dos mais explorados muito mais complexa, pois dificulta a percepção mais ampla e rica da cultura humana, patrimônio que deveria ser de todos. O que tais "especialistas" não percebem é que também estão alienados e reproduzem uma ideologia que deveriam combater. Principalmente, porque quem acredita nessas teses, dificilmente faz parte ou está inserido no contexto da realidade social, política, econômica e cultural dessas comunidades. 

A linguagem é o que nos faz diferentes dos animais, e como seres humanos, temos o direito de compreender, analisar, interpretar, refletir e dar um novo sentido ao discurso das pessoas que "falam e escrevem" bonito, afinal, numa democracia, de fato, e não apenas de direito, é preciso que a gama de sinônimos seja rica. A linguagem é poder e o poder domina, sobretudo, pelo apelo à força das palavras. Se fôssemos todos sofistas, a maioria dos políticos, advogados, médicos, jornalistas, mestres de propagandas e publicidades, vendedores, entre outros, não teria vida fácil conosco. 

Não é, por acaso, que a sociedade  desdenha a Filosofia...Esta, além de desmascarar e desvelar as ideologias e ilusões vendidas pelo atual sistema de produção, conhece noções de Lógica e as principais falácias e sofismas. Afora a capacidade de fazer perguntas, que são verdadeiras bombas atômicas,  para explodir o discurso fácil dos inimigos da verdade. 

Cuidado com a manipulação, pois ela está em toda parte...Até mesmo por muitos que querem nos vender um lugar no CÉU...

TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A TORRE DE BABEL DOS INTERESSES HUMANOS!!

Na natureza os animais nascem com instintos rígidos em muitos casos, como, por exemplo, os insetos. Todavia, tal determinação não é absoluta,  uma vez que há mais flexibilidade de ação e comportamento na escala da evolução, por exemplo: os mamíferos são capazes de aprender muitas coisas, portanto, há uma certa "inteligência", mesmo que não tenha o mesmo teor de abstração da de um ser humano. No caso deles, podemos afirmar que trata-se de uma "inteligência" concreta, para realizar tarefas simples, sem criatividade, como acontece com os seres humanos. Se bem que ainda sabemos muito pouco sobre a "inteligência" dos animais,  e a comparação com seres humanos é complicada, pois,  como já dizia o filósofo cético, Michel de Montaigne, em muitos aspectos os animais nos são muito superiores...

O ser humano, com raras exceções, é egoísta, ganancioso, ambicioso e outros adjetivos pejorativos que não valem a pena colocar aqui, porque é do conhecimento de quase todos. O ser humano tem a mania de pensar que é racional e que os demais animais são irracionais, entretanto, quero fazer uma provocação: somos racionais de uma forma imanente,  essencial? Penso que não precisamos nem lembrar que sem a sociedade não haveria humanização da espécie humana, logo, se fôssemos racionais essencialmente, nunca deixaríamos tal racionalidade. Mas é realmente isso o que acontece? Somos, ou usamos a razão de vez em quando?

O ser humano, em sua maioria, criou o Estado político. Há várias teorias sobre a origem do Estado. Desde a origem divina, passando pela natural, e a tese do contrato social. Não entrarei em detalhes aqui, mas espero que estas questões sejam explicitadas,  na proporção que o texto avançar. A verdade é que o ser humano é complexo demais, e, afirmar, peremptoriamente, que a espécie humana é racional,  essencialmente é, no mínimo, leviana. Se fosse, como seria possível o sistema capitalista de produção? Produzir, acumular, vender, e destruir o planeta e não compreender que os recursos naturais são finitos; depois recomeçar o processo numa escala e velocidade cada vez maior!!! Podemos chamar estas ações de racionais?  Vou um passo além: como não questionar uma "riqueza" inexistente, abstrata, como a que se "consegue" nas bolsas de valores de todo o mundo? Eis o paradoxo: ser proprietário e não proprietário simultaneamente,  porque tal "dinheiro" é apenas números transferidos para onde se supõe ganhar-se mais, ou ganhar-se menos, porém,  ter-se mais "segurança". Há um porém: às vezes, a pessoa que investe em ações,  perde tudo da noite para o dia. Onde está a riqueza, se ela não foi produzida e depende muito mais de apostas de onde investir, que a racionalidade de quem investe de forma conservadora? Daí a loucura do mercado financeiro!! Basta um boato e os investidores comportam como se fossem uma "boiada". Eis a razão da espécie humana. A meu ver,  um ardil para ficar rico sem produzir...

Percebe-se, na situação acima, não uma racionalidade, mas a total irracionalidade, pois é o desequilíbrio psicológico e emocional que fica evidente nos agentes a serviço do capitalismo financeiro. A TORRE DE BABEL, em vez de ser "destruída", como na alegoria bíblica, é motivo de conflitos entre os que defendem o capital voltado para a produção; os que fazem apologia do capital financeiro e não produzem um parafuso, como é o caso dos banqueiros e "especialistas" que só vivem da especulação, e aqueles que produzem, mas que também  têm ações nas bolsas. Contudo, o que é comum a todos é o papel do Estado. Infelizmente, neste caso, por ideologia, estupidez, irracionalidade, ou má-fé, quase todos defendem o mesmo: o Estado não deve interferir na economia e no mercado financeiro, embora  a irracionalidade daqueles que só usam a razão para ganhar dinheiro, dependam ontologicamente do Estado. Este foi, é , e provavelmente será a "mão invisível" para os cegos, mas para quem utiliza a razão para refletir sobre o todo, a TORRE DE BABEL econômica é apenas uma parte da realidade, talvez a mais importante. Aliás, Karl Marx já dizia que a economia determina tudo, apesar de ele ter se referido apenas à economia que produz, afinal o filósofo alemão desenvolveu as suas teorias  no século XIX e não conheceu a bolsa de valores em nível planetário. Se o modo de produção capitalista, que subtrai mais-valia relativa e absoluta da "classe trabalhadora", foi motivo para uma teoria socialista, comunista,  imagine se Karl Marx vivesse na nossa época? Ele, com certeza, ficaria horrorizado com a "produção" de riqueza financeira abstrata. Ser proprietário de números e não de algo concreto e palpável...E o que é pior: números que podem desaparecer da tela do computador com a mesma rapidez que apareceram. Eis o irracional com verniz de racionalidade do capitalismo...Ideologia, nada mais.

A TORRE DE BABEL, no atual sistema, e na nossa época, não é apenas uma questão de misturar as línguas por um suposto Deus bíblico, mas uma balbúrdia infernal sobre interesses diversos. Estamos voltando à Grécia, dos antigos sofistas, contemporâneos de Sócrates, porém com uma roupagem linguística mais sofisticada. Isto porque a comunicação é globalizada também. A velha e surrada luta de classes não é mais entre quem explora e quem é explorado; entre opressores e oprimidos. São ricos contra ricos, dependendo de como "produzem" riqueza; de ricos e pobres; da classe média alta contra pobres;  das mais diversas classes de profissionais, ou seja, uma fragmentação que o irracionalismo não pode compreender,  além dos interesses morais, políticos, sociais, ideológicos, culturais, entre outros.

Evidentemente, este tema merece um livro, tal é a quantidade de assuntos a ser abordados. No entanto, é necessário fazer apenas algumas observações e provocações para que sejam refletidas pelos interessados. Vou dar um exemplo aqui, que deve ser do conhecimento da maioria, e que está caminhando para acontecer em nível mundial. Refiro-me à briga, às discussões, às acusações recíprocas entre os taxistas tradicionais e o aplicativo UBER. Muitos desses pretensos motoristas de táxi preconizam que o Estado é burocrático, inchado de apadrinhados, antro de corruptos, etc., porém, com a concorrência do livre mercado, a quem eles recorrem? Ao Estado, não é mesmo? Querem ser protegidos pelo papai estatal. O mesmo serve para todas as situações supracitadas. O Estado deve ser mínimo para o povo e máximo para os ricos. Estes fundaram o Estado, portanto, se forem à falência, a babá estatal deve protegê-los... Dei tais exemplo, mas cada leitor deste texto pode fazer um exercício mental e tentar lembrar das divergências entre os seres humanos na luta pela sobrevivência.

Uma pergunta: em qualquer sentido, se alguém estivesse numa situação oposta à que defende, será que ele seria capaz de colocar-se no lugar do outro? Em  outras palavras, se um motorista de táxi fosse alguém que trabalhasse com o UBER, ele defenderia o direito de quem? Relembro aqui o grande Protágoras de Abdera, porém, não com as mesmas palavras: " Sobre qualquer discurso é possível fazer um oposto com o mesmo nível de persuasão"!!!Em outras palavras, troca-se raciocínios lógicos, por um jogo de palavras que muda de acordo com os interesses e a conveniência. A astúcia em detrimento da verdade. A ética kantiana aqui não passa de uma fábula, não é mesmo?

No modo de produção atual, cada um defende o seu lado, e quase sempre,  sem bons argumentos,  pelo contrário, com provocações rasas e uso da força bruta. O que move o ser humano é a razão? Duvido. O darwinismo natural não estaria sendo utilizado pela ideologia para legitimar o darwinismo social? Estaria o ser humano virando uma besta, ou está sendo estimulado a agir como tal? A TORRE DE BABEL, aqui, não poderia ser representada pelo irracionalismo? O animal é "irracional", mas não sabe disso. O homem tem a possibilidade de usar a razão, mas a História tem provado que ele é irracional, tem consciência dela e, ainda assim,  prefere agir como um autômato...Há algumas exceções, raras, porém,  como um diamante...


TEXTO: Marco Aurélio Machado 

sexta-feira, 31 de julho de 2015

FRASES DA CONDIÇÃO HUMANA!

A felicidade é uma busca inútil, pois queremos que a realidade seja determinada por nós!!


Não confunda momentos "felizes" com o conceito de felicidade. Este é estático, aquele é dinâmico!!


O tédio é o amigo íntimo de um pensador.


A morte deve ser o fim de tudo, por isso nem devemos dizer que ela é o "nada", pois este 
depende do ser humano para poder ser pensado.


O homem é o maior aborto que a natureza já produziu, todavia,  a minha "felicidade" é saber que tal praga será extinta.


Os maiores canalhas que conheço acreditam em Deus, mas vivem como se "Ele" não existisse.


Os melhores seres humanos que conheço são céticos, ateus, agnósticos; fazem o bem e não esperam recompensas divina.


A angústia é o "parto" sem anestesia de um ser que sofre sem saber o motivo. E se você ouvir alguém que diz saber a sua causa, desconfie que seja um placebo psicológico.


A liberdade é amarga, mas é bem melhor que a doçura dos escravos das certezas...



A ilusão de ser especial é o orgasmo do idiota!!



FRASES: Marco Aurélio Machado